quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mestre João do Cavalo Marinho Infantil

Mestre João do Cavalo Marinho Infantil

A entrevista relata um pouco sobre a trajetória de vida e do trabalho que vem sendo desenvolvido por João Antônio do Nascimento Pereira, o mestre João do Cavalo Marinho Infantil. Também conhecido como mestre João do Boi, o mesmo promove uma atividade permanente de cultura popular no bairro dos Novais-Oitizeiro, na cidade de João Pessoa-PB com crianças da mesma localidade, estas aprendem não só os passos e músicas, mais também as histórias sobre a cultura do cavalo marinho, além de desfrutar de todos os conhecimentos que o mestre João possui sobre a cultura popular como boi de reis, ciranda, coco, lapinha e entre outros.
Nascido na cidade de Bayeux-PB o mesmo aprendeu com seu avô e outros mestres da cultura popular paraibana e hoje com seus 72 anos transmite seus conhecimentos a todas as crianças e jovens que ingressam e fazem parte de seu grupo popular (Cavalo Marinho Infantil).
Os ensaios do cavalo marinho são realizados na própria sede do grupo adquirido com o esforço do mestre, onde era um antigo terreiro de Umbanda, localizado na rua Santo Antônio, Bairro dos Novais. Das quartas-feiras os ensaios passaram para os sábados as 19:00 horas. Por não possuir um espaço físico maior para os ensaios, poucas crianças podem dançar a mesma música, mais não impede a qualidade das apresentações.
Sem apoio do poder público salvo os convites e participações que conseguem com muito esforço da Funjope, os mesmos confeccionam seus adereços para as apresentações que geralmente em sua maioria são sem contrato.
O grupo recebe ajuda de outros membros da cultura popular local como de Emilson do CPC (Centro Popular de Cultura) Josilene sua principal assistente conhecida popularmente como Tina professora de capoeira componente do grupo Ângola Comunidade, Paulo coordenador do Grupo Lampião, esses e outros colaboradores ajudam mestre João a continuar desenvolvendo esse trabalho que é de grande valor sociocultural para a nossa Paraíba, para a nossa cultura.


Texto
MOURA, Adeilson França / MESQUITA, Esmerina Paulino
Pós-graduandos em Arte Educação - UNAVIDA/IESP

Assista o vídeo no endereço: http://youtu.be/e5bysJzkROQ

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cavalo Marinho do Mestre Zequinha (Bayeux/PB)

Em Bayeux se encontra o mais representativo Cavalo Marinho do estado da Paraíba, com fama internacional pela originalidade dos seus cantos, danças e adereços.



O grupo teve início no Engenho Novo (próximo a Itabaiana), com Mestre Raul no ano de 1970. Raul foi para São Paulo e o senhor José Raimundo da Silva se tornou o Mestre Gasosa, líder do grupo e profundo conhecedor do folclore nas mais diversas manifestações populares.
Com a vinda do Mestre Gasosa para Bayeux o grupo foi formado por pessoas de modesta condição financeira e sua residência se tornou a sede do grupo. Era composto por 22 pessoas, na maioria do sexo masculino e que moravam próximas uma das outras.



Até 1987 as damas eram interpretadas por meninos de no máximo 12 anos de idade. A partir daí vieram as meninas (não mulheres), por que os garotos recusavam-se a vestir roupas de mulher temendo gozação.
Com o passar do tempo e suas brilhantes apresentações, foi enaltecido e merecidamente lembrado em diversos livros. Serviu como inspiração para dissertação de mestrado, que depois foi transformado em livro. Suas músicas foram gravadas em Cds e seus filmes exibidos em diversas partes do mundo.
Além de se apresentar em diversas partes da Paraíba, ostentou com grandiosidade sua peculiar dança e canto no Rio de Janeiro e São Paulo. Fez marcantes apresentações na Áustria, Portugal e china. Já representou a Paraíba em vários festivais de folclore do nordeste e do Brasil, recebendo sempre grandes premiações, principalmente pela originalidade.
Alguns Cavalos Marinhos distribuídos pelo nordeste ainda seguem o ritual de queima do boi no último dia de apresentação, mas o Cavalo Marinho do Mestre Gasosa acredita na superstição de que esse ato é perigoso, pois algum membro do grupo pode vir a morrer.



Com o falecimento do Mestre Gasosa em 2003, o grupo passou por dificuldade financeiras e dificuldade de relacionamento entre seus componentes. E para que o Cavalo Marinho do Mestre Gasosa se perpetuasse com o brilho peculiar que sempre ostentou em suas apresentações, colocando-se como representante da Paraíba e do Brasil para o mundo, os apaixonados pelo folclore, dentre outros: Zé Bento, membro antigo do grupo e aficionado pela cultura popular: Vavá, conhecedor profundo e incentivador do folclore Bayeuxense; Nandinho, perspicaz batalhador da arte popular e Edielson Gonçalo, o relações públicas do Centro de Tradições Populares; juntaram suas forças em amor à cultura e fizeram renascer das cinzas, como queria o Mestre Gasosa, para que seu Cavalo continuasse dançando ao comando do Mestre Zequinha, seu antigo Contra Mestre. Hoje o Cavalo Marinho de Bayeux continua fazendo suas apresentações. A sede do grupo se situa na rua Pedro Ulisses a comando do Mestre Zequinha, que com muita dedicação e auxílio de algumas pessoas perpetua essa tradição popular tão importante na cidade de Bayeux.




Fonte: Bayeux, Aspectos Folclóricos e Econômicos. Vol. V (autores: Ariosvaldo Alves e Edielson Gonçalves)


Liliane Alves
Especializanda em Arte Educação pela IESP/UNAVIDA

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Caboclinhos Goianenses em foco

Caboclinhos de Goiana-PE


Caboclinho Tapuias CanindeGoiana é uma cidade exatamente entre Recife e João Pessoa com uma cultura tradicional não apenas com os Caboclinhos, mas também com muitas outras manifestações populares como as Pretinhas do Congo que nesse ano será um outro Tópico do Carnaval de Pernambuco com Aruenda, que era uma forma de Maracatu ou Congado e que se formos mais atrás ainda, pois na cidade tem uma grande Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Maracatus Rurais e os Terreiros de Jurema e Candomblês, mas o mais forte sem duvida são os Caboclinhos que são muitos. Eles têm uma batida bem espífica que é mais forte, mais poderosa, uma dança também mais rápida.
Conhecida como a “Terra dos Caboclinhos”, Goiana, na zona da Mata de Pernambuco, mais uma vez é pólo do Carnaval do Estado. Inicialmente habitada por índios Caetés e Potiguares, Goiana abriga os grupos mais tradicionais de Caboclinhos de Pernambuco. Entre eles, o Caetés, Sete Flechas, Canindé e Tabajara.
            Muito além da dança de passos rápidos, dos acessórios coloridos e da música leve para os ouvidos, os caboclinhos têm uma vasta tradição religiosa. Os trajes alegres, repletos de plumas, bordados em lantejoulas, colares cheios de cor e as cabaças na cintura, escondem a crença e a fé que há em toda essa tradição. Nela, misturam-se os resquícios da cultura afro com a essência da indígena. As mãos munidas de arcos e flechas rememoram os seus guerreiros. Na mente, está sempre o respeito pelos antepassados e as homenagens aos guias espirituais que abençoam o carnaval de cada caboclinho. 
Os integrantes dos caboclinhos desfilam com um arco e flecha nas mãos dando o ritmo da música, tocada sempre por um pífano, ganzá e caixa de surdo. A dança representa o ritual da caçada indígena, caracterizada por saltos e trocas de pés.  Fora isso, o município de Goiana conta com diversos blocos, mantendo o Carnaval da Cidade como uma das festas mais animadas de Pernambuco.



Os caboclinhos Goianenses em imagens

           Muito além da dança de passos rápidos, dos acessórios coloridos e da música leve para os ouvidos, os caboclinhos têm uma vasta tradição religiosa. Os trajes alegres, repletos de plumas, bordados em lantejoulas, colares cheios de cor e as cabaças na cintura, escondem a crença e a fé que há em toda essa tradição. Nela, misturam-se os resquícios da cultura afro com a essência da indígena. As mãos munidas de arcos e flechas rememoram os seus guerreiros. Na mente, está sempre o respeito pelos antepassados e as homenagens aos guias espirituais que abençoam o carnaval de cada caboclinho. 

CABOCLINHOS

        Os caboclinhos ou Cabocolinhos são uma manifestação popular, originária da mistura de vários povos indígenas; eles expressam através de sua dança seu forte sentimento indígena.               
        Formado por homens, mulheres adolescentes e crianças que apresentam através de suas vigorosas coreografias em ritmo marcado pelo estalido das preacas (espécie de arco e flecha de madeira) suas manifestações de honra, glórias e tristezas; têm na  religião com apresentação e manifestação dos cultos indígenas, a pajelança e representação da religião de seus antepassados. É na Jurema ou Catimbó, como é popularmente conhecida, onde atua a maioria dos mestres e caboclos. Alguns grupos diferem desta linha, cultuando religiões afro-brasileiras, ligadas a terreiros de Xangô e Umbanda.
             Sua apresentação normalmente se inicia com a apresentação de um porta-estandarte (podendo haver mais de um), seguido de dois cordões de caboclos e caboclas. No centro o cacique (responsável pelas coreografias) e a cacica (ou mãe da tribo). O desfile também conta com a presença do Pajé (ou curandeiro, orientador espiritual do grupo); Matruá (representa um feiticeiro); Capitão (chefe de uma das alas); Tenente (chefe da outra ala); Perós (crianças da tribo) e dos caboclos de baque.
As danças ou evoluções variam de um grupo para outro. Geralmente ocorrem em duas fileiras (cordões), podem trazer alas, com coreografias que representam situações criadas e recriadas pelos mestres e brincantes. De maneira geral, evoluem com agilidade, agacham-se, levantam-se e rodopiam nas pontas dos pés e calcanhares, em três momentos específicos: Guerra, Baião e Perré, determinados pela mudança do ritmo. Alguns grupos também apresentam o Toré ou Macumba, o Traidor (destaque das preacas marcando o ritmo), a Emboscada (disputa de dois grupos) e Aldeia (dança em círculo).
           A indumentária é composta por atacas (de pé e mão), saiotes e tangas, e geralmente são confeccionada com penas (de Ema e de outras aves), lantejoulas, contas, búzios, espelhos, vidrilhos, cordas e sementes. Os adereços de cabeça são bastante diversificados sendo cocares, capacetes, cabeleiras, diademas, girassóis e leques, decorados com penas e lantejoulas. Em suas Apresentações estão sempre descalços.
          O baque é composto por caracaxás (maracás ou exeres), surdo e inúbia (flauta ou gaita), podendo haver atabaque e caixa. As músicas normalmente são instrumentais, mas existem grupos  que recitam versos ou loas explicando suas apresentações.
          Os Caboclinhos, símbolo maior da cidade de Goiana, trabalham de forma coletiva no projeto desenvolvido pelo Ponto de Cultura Caboclinhos de Goiana. O projeto reúne os sete grupos existentes na cidade: Cahetés, Tapuia Canindé, Caboclinho Canindé, União 7 Flexas, Caboclinho Índio Tabajara e Caboclinho Carijós e Tupinambá. As atividades acontecem nas sedes dos Caboclinhos, concentrados nos bairros de Nova Goiana e Centro. Em Nova Goiana, estima-se que cerca de 1.500 pessoas estejam diretamente envolvidas nesta manifestação cultural.             O Ponto de Cultura faz um trabalho de oficinas continuadas nas escolas do município, realiza apresentações e promove rodas de diálogo com a comunidade. O projeto ainda pretende renovar figurinos e adereços dos grupos culturais e produzir os CDs dos Caboclinhos.

            Carlos Fidéllys - Turma 50 - Arte e Educação 2011.